Me desculpem se vivi mais do que se espera de alguém da minha idade. Me
desculpem se cada instante que se passa é para mim um instante que se perde. Se
passo o hoje a ansiar pelo amanhã e se o amanhã me apavora por anunciar o fim.
Me desculpem se não sei controlar a pressa que agita meu espírito. Não quero
viver um dia de cada vez, quero viver um dia na intensidade de três. Não sei
andar devagar. Não sei amar pouco, não sei amar poucos. Quero conhecer o mundo,
quero mudar o mundo. Me desculpem se
quero aprender cinco, seis idiomas estrangeiros; se quero aprender a dançar; se
quero escrever muito, se quero arrumar um trabalho que me faça feliz; se quero
tempo para militar e se também quero tempo pro lazer. Perco prazos com outros
prazos mais distantes na cabeça. Perco amores antecipando mentalmente o fim da
relação. Mas não perco vida, ela me sacode, me ferve e me lança o tempo inteiro
em movimento. Perco a juventude dia a dia e isso me apavora com o medo da
solidão. Mas sigo adiante, me apegando à força dos amores incondicionais. Temo
a morte das pessoas queridas e sofro antevendo o futuro. Mas sigo adiante,
buscando distribuir meus sentimentos e fazer da classe trabalhadora minha
família. Não sei o que pensar da morte, não tenho nenhuma certeza. A única
certeza que carrego nessa vida é que uma vida é muito pouca para tudo o que
desejo.
Mariana Penna, 2014.
amiga, me sinto tanto nesse texto =~ me vi no espelho <3
ResponderExcluirAnsiosas sempre, né? ;)
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