sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Desorientador



Ele me disse que na Grécia Antiga se identificava pelo rosto a doença que uma pessoa portava. Sorte a minha que tal conhecimento já se perdeu, ou ele saberia que não era de uma doença que eu padecia enquanto ouvia sua explicação. Entre o expresso e os livros de Kafka, passando pela leitura agnóstica de tarôs online, meu cérebro pensava tornar matéria o que até então era só ideia. Quem era até então livro, se fez homem no meu mundo. E valha-me a santa matéria, mas que homem! Digam o que quiserem, nada me convence de que ele não é lindo! E sua voz suave... Ah como eu gosto de voz suave! Mas o cérebro não faz matéria, ele só fantasia. É ridículo, mas sonhar ainda é permitido, mesmo quando te empregam o pronome de tratamento “cara”, ao menos a despedida foi um “grande abraço” e não um triste “atenciosamente”.

Mariana Penna (2014)



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