Eu estava andando na rua, calmamente, olhando mensagens no
celular. De repente, como um raio, passou por mim correndo um menino que
aparentava ter uns 13 anos de idade. Havia vários outros transeuntes, mas
ninguém se assustou. Devia estar atrasado para o curso, talvez prestes a perder
o ônibus para casa, quem sabe até sua mãe já o esperava ansiosa em algum ponto
de encontro. Ninguém se assustou, o menino não interrompeu o curso regular de
ninguém pelo caminho, afinal, vez ou outra é normal ter pressa. Mesmo que isso
ocorra regularmente, pode até não ser apropriado, mas não é nenhum crime ter
pressa. No entanto, aquele menino correndo me fez lembrar outro menino, que
também era adolescente há não muito tempo atrás. Um menino que certa vez me
confidenciou um dos seus maiores medos: ter pressa. Este segundo menino
é negro.
(Mariana Penna, 2017)
Nenhum comentário:
Postar um comentário