justificar
jus.ti.fi.car
(lat justificare) vtd 1 Declarar justo, demonstrar ou reconhecer a inocência de, descarregar da culpa imputada: Justificaram-no e atestaram que ele era inocente. vtd 2 Teol Reabilitar, declarar justo, inocente; absolver: A fé é que justifica o pecador. vpr 3 Demonstrar a boa razão do seu procedimento, provar a sua inocência; reabilitar-se: "Ele negava, explicava-se, justificava-se" (Machado de Assis). Não se justificará desse mau passo. vtd 4 Provar judicialmente por meio de justificação: Justificar a existência do ato ou relação jurídica. vtd 5 Desculpar: Um erro não justifica outro. Não vejo como justificar ao meu amigo a minha demora. vtd 6 Explicar com razões plausíveis: Como justificarei a minha presença aqui? vpr 7 Provar que é: "Teresa justificava-se filha, por índole e por sangue, de Joaquim Pereira" (Cam. Castelo Branco). vtd 8 Fazer que pareça justo; explicar, fundamentar: As circunstâncias justificam a adoção dessas medidas. Com que justificará ele o seu ódio? vtd 9 Fazer jus a: Justificar a confiança. vtd 10 Tip Fazer uma linha do mesmo comprimento de outras; espacejar. vtd 11 Inform Num processador de texto, adicionar espaços entre as palavras de uma linha para assegurar-se que o texto preencha a linha inteira; alinhar texto.
jus.ti.fi.car
(lat justificare) vtd 1 Declarar justo, demonstrar ou reconhecer a inocência de, descarregar da culpa imputada: Justificaram-no e atestaram que ele era inocente. vtd 2 Teol Reabilitar, declarar justo, inocente; absolver: A fé é que justifica o pecador. vpr 3 Demonstrar a boa razão do seu procedimento, provar a sua inocência; reabilitar-se: "Ele negava, explicava-se, justificava-se" (Machado de Assis). Não se justificará desse mau passo. vtd 4 Provar judicialmente por meio de justificação: Justificar a existência do ato ou relação jurídica. vtd 5 Desculpar: Um erro não justifica outro. Não vejo como justificar ao meu amigo a minha demora. vtd 6 Explicar com razões plausíveis: Como justificarei a minha presença aqui? vpr 7 Provar que é: "Teresa justificava-se filha, por índole e por sangue, de Joaquim Pereira" (Cam. Castelo Branco). vtd 8 Fazer que pareça justo; explicar, fundamentar: As circunstâncias justificam a adoção dessas medidas. Com que justificará ele o seu ódio? vtd 9 Fazer jus a: Justificar a confiança. vtd 10 Tip Fazer uma linha do mesmo comprimento de outras; espacejar. vtd 11 Inform Num processador de texto, adicionar espaços entre as palavras de uma linha para assegurar-se que o texto preencha a linha inteira; alinhar texto.
Dicionário Michaelis
Hoje quando peguei o ônibus, me
senti um lixo fútil com meus draminhas pessoais tão ridículos. Sentei num
daqueles bancos mais altos, porém comecei a sentir um odor bem estranho,
parecia alguma coisa em putrefação. Pensei que pudesse vir de fora do ônibus,
mas não, era um senhor que estava na minha frente. Mudei de lugar, o odor havia
se tornado insuportável. Do outro lado do corredor, pude perceber que o homem
em questão estava bem doente, parecia usar fraudas, tinha alguns canos
transparentes pendurados em seu corpo, portava também uma muleta. Seu jeito ora
parecia demonstrar não estar sóbrio, ora parecia evidenciar uma doença mental. Não
pude identificar ao certo. Mas houve também momentos em que ele manifestava
algum desconforto físico e até mesmo dor. O que quer que fosse o problema
daquele homem, uma coisa é certa, com uma saúde dessas e sendo pobre como seus
farrapos e o fato de estar andando de ônibus indicavam ser, certamente não dá
pra alguém ser feliz.
Comecei a escrever no meu
diário... é, sou uma pessoa adulta que ainda tem um diário...
Algum tempo depois, entrou um
vendedor de balas no ônibus. Eu estava meio compenetrada escrevendo estas
coisas aqui quando ele me ofereceu uma bala de cortesia. Tal como fez a mulher sentada
ao lado, eu neguei meio que no automático, sem muito pensar. Depois, me senti
mal e observei o homem. Parecia bastante cansado, fatigado mesmo. Em uma das
mãos tinha um bolo de notas, notas altas inclusive, algumas de 50 reais.
Segurava o bolinho de dinheiro de forma despreocupada. Fiquei pensando que
aquela atitude demonstrava das duas uma: estando na Avenida Brasil, ou o homem
era muito desapegado, ou estava muito
seguro de que ninguém iria zoar com sua grana. Enquanto eu pensava essas coisa,
numa determinada passarela, que não me atentei qual era, ele desceu. Mais
adiante passamos por alguns jovens perto de um viaduto. Eram uns cinco, deviam
ter entre 20 e 30 anos e estavam aparentemente drogados, provavelmente de crack.
O ônibus parou no ponto próximo a onde eles estavam. Ao descer uma mulher com
uma menininha, dois dos rapazes aproveitaram e subiram no ônibus. Em seguida,
comemoraram o feito. O ônibus já estava arrancando quando na cola deles, um
vendedor de água aproveitou também a abertura da porta do meio e entrou. Isso
deve ter sido na passarela 8 ou 9. E foi isso.
Mais adiante, passamos em frente à Fiocruz, um homem desmaiado
na calçada era socorrido por uma mulher de roupas brancas.
Desci na passarela do INTO para pegar ônibus para Niterói do
outro lado, no sentido contrário. Enquanto subia a passarela, uma sensação
diferente foi me tomando, senti uma vertigem, não sabia o que era, se era meu
estado de espírito aliado à falta de sono ou se havia alguma coisa de errado
com os cogumelos chineses que eu tinha feito de almoço. Fato é que senti certa
alteração do meu estado de consciência e a percepção da realidade parecia suavemente
alterada. Cabisbaixa e me sentindo um pouco desorientada, prossegui para o
ponto de ônibus tentando entender o que se passava na minha cabeça.
Talvez fosse uma antecipação de um sentimento de culpa pela
viagem ao exterior que eu estava prestes a fazer e que era motivo da minha ida
para Niterói. Como para muitos seres humanos, viajar é uma das coisas que mais
me proporciona satisfação. Ao mesmo tempo, talvez uma culpa cristã (ou
socialista) latente sempre me ataca quando me encontro em posição de turista,
especialmente se nessa circunstância eu me deparo com pessoas que nem sequer
podem sonhar em desfrutar de experiência semelhante. Não que seja este o caso,
pois não se tratava de fazer turismo, mas de estudar. Eu poderia então fazer
uso de um subterfúgio ideológico liberal e tentar convencer a mim mesma que eu
fiz por merecer por isso, sempre estudei muito e trabalhei com afinco para
conseguir uma bolsa... Mas não, não justifica.
Após atravessar a ponte Rio-Niterói e chegar no centro da
cidade em que morei por 5 anos, vi um conjunto habitacional onde sonhava em
morar. Por alguns instantes me lembrei que ainda não tenho casa própria, moro
na periferia da cidade, que a bolsa do doutorado é algo provisório e que meu
emprego não rende nem dois salários mínimos. Não tenho carro, nunca usei roupa
de marca e não sou afeita a luxos... por alguns minutos me senti menos
privilegiada... Mas não, não justifica.
Mariana Penna (2014)
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