quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O vazio e a despedida

     Acordo e sinto aquele sentimento de perda que tão tardiamente me ataca. Ele vai e isso não é menos certo. E ainda que seu corpo esteja “vivo”, creio que não há mais vida ali. Se naquele instante, ali sente-se nada, assim como nada se sente em um pesado sono, que diferença faz este nada virar eterno? Pronto, acabou, terminou sua estadia. Se era alegre ou meramente eufórico, jamais saberei, mas sinto que foi feliz. Feliz, mas com rancor, mágoa de mim. E eu com mágoa dele, mágoa vil, inútil, infundada, que a não muito dissolveu-se, mas como todos sabem, o passado não se apaga. 
Queria tê-lo outra vez, mas que desta vez fossemos livres, livres de preconceitos, livres de mágoas, livres para sermos felizes, pois não há felicidade sem liberdade. Agora sim pude sentir a futura perda, o vácuo a ser deixado, a vida a esvair-se de um corpo, o quarto vazio, menos um lugar na maldita mesa de tão conservadora família. Agora sim posso chorar, agora sim posso recordar, reviver momentos, saber que não foi de tão pouca importância a passagem dele em minha vida. Espero eu que sejamos deuses para não simplesmente acabar como dissera outrora, mas não, que diferença há entre a existência e o nada? O nada tudo supre.




Mariana Penna, 2002.

4 comentários:

  1. Poxa, muito bom, hein! E cada nova postagem me deixa curioso pelo o que virá depois. Parabéns! =]

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O próximo vai fugir ainda mais do padrão, mas depois volta! hehehe! Bjs!

      Excluir