Ele me disse
Por que você precisa da aprovação dos outros? Você só vê
sentido na sua vida em função dos outros? Você sonha acordada imaginando o que
os outros pensam de você? Você se identificou com a cena em que a Amelie Polain
se imagina morta e as pessoas todas arrasadas pelo seu falecimento? Pela morte
da pessoa tão boa que você foi?
O solipsismo foi um tapa na cara, foi alguma coisa dentro de
você dizendo: encare isso, os outros não existem, é só você e seus monstros
internos! Não há lugar para a fantasia. E a fuga, ah a fuga eram os outros.
Aqueles que são seu inferno, que te julgam, mas que são também seu paraíso, que
te admiram. No solipsismo não há ninguém para te admirar. Você não é nada além
de um deus solitário entendiado de si mesmo. Você é nada!
Ele me disse isso, ele dizia isso ocasionalmente. Mas quem
era ele? Um fantasma que me assombrava. O fantasma que me enfeitiçava. Eu já
não sabia mais quem ele era. Ele já tinha sido tantos. Um amigo uma vez disse
que uma mulher estaria sempre a lhe assombrar e ele de tempos em tempos
percebia que a via refletida em outras pessoas, mas era ela, sempre ela a
perseguir sua vida. Outro dizia que o amor era como um fusível que é acionado e
se queima, durando apenas uma vez.
Mariana A. Penna, 2016.
Nenhum comentário:
Postar um comentário